Ouviu falar de Agosto Dourado? Este é o mês dedicado à amamentação ou aleitamento materno. Tem como objetivo reforçar os benefícios da amamentação tanto para a mãe quanto para o bebê.
Já perguntou para seus pais como foi este primeiro contato com alimento tanto para você quando para seus cuidadores? Será que este ato do início da vida pode moldar nossas relações pessoais, amorosas e, nossa relação com alimentação? Está correto se sua resposta for sim, pois os benefícios ou malefícios recebidos na infância tem reflexo na vida adulta.
Amamentação é considerada como uma das formas que o ser humano começa a estabelecer as relações emocionais. E seus benefícios vão desde valor nutricional para o bebê, favorecimento dos desenvolvimentos cognitivos e emocionais, estabelecimento do vínculo mãe-bebê, além de consequências positivas na saúde física e psíquica para mãe (Brasil, 2015).
No Brasil, segundo estudos divulgados em março de
Todavia, não é raro que várias mães desistam de amamentar por dificuldades geradas pela falta de informação, apoio, ou por questões estéticas, mas também por retonarem ao trabalho após a licença maternidade.
Acreditamos que a experiência da amamentação precisa ser boa para mãe, pois consequentemente será para o bebê. Contudo, quase nenhuma mãe sabe como amamentar logo de cara, e isso é normal. Tudo vai depender da criança, do quanto à mãe produz de leite e como se adapta a nova rotina que pode ser prazerosa, ou causar ansiedade, insegurança, angústia. Colocando em risco o processo de vínculo mãe-bebê e bebê-mãe.
Quando falamos em vínculo, esta complexa relação vem sendo estudada por diversos autores, entre eles John Bowlby (2002), que compreende o vínculo tanto mãe-bebê, como bebê-mãe, ambos diferentes.
O vínculo mãe-bebê não é natural como se pensa. A mãe não nasce com esta característica estabelecida, mas é construído com o passar do tempo. Assim também, ocorre com a amamentação, pois é algo novo para os dois (mãe e bebê). É o primeiro ato que estabelece esta relação – olhar e acalentar o bebê no seu corpo – proporciona o vínculo, e constituindo a maternidade que é diferente para cada mãe.
Contudo, cabe resaltar que com a chegada do bebê é comum o surgimento de medos que gera grande ansiedade e, ou sintomas depressivos. Os “lutos” vivenciados pela mãe na transição da gravidez a maternidade: perda do corpo da gravidez, o não retono imediato ao corpo original, separação mãe/bebê, o bebê que a principio era idealizado e com o nascimento torna-se real e diferente do que foi idealizado, e o quando a mãe precisa deixa suas necessidades de lado para atender as necessidades do recém-nascido (Sarmento & Setúbal, 2003).
O bebê é incapaz de sobreviver sozinho e de suprir suas necessidades, por isso, depende exclusivamente de um adulto que proporcione alimentação, higiene, entre outros cuidados. Mas também, suporte emocional, como: a forma de segurar e manusear no momento da amamentação, possibilitando a sensação de acalanto e segurança sobre a mãe. Quando isso ocorre com uma pessoa frequente (mãe ou cuidador principal), é denominado por Bowlby como figura de Apego que é a fonte de proteção e segurança.
Contudo, o comportamento de apego começa a se manifestar a partir do terceiro mês de vida do bebê, mas só são percebidas no sexto mês, quando a criança emite resposta sobre a fala da mãe como, sorrisos ou balbucios. A falta destes cuidados que contribuem para formação do vínculo pode levar a um prejuízo na formação do vínculo, e como sabemos este prejuízo terá consequências no presente e, no estabelecimento de vínculos futuros na fase adulta.
Por isso, a amamentação é um ato de extrema importância. É o primeiro contato positivo que o bebê tem neste mundo hostil e perigoso. Ter alguém que possibilite este contato com segurança e proteção, acalentando e essencial para o vínculo sadio e eficaz na constituição dos vínculos futuros. Além de permitir que a mãe compreenda melhor as necessidades do recém-nascido, facilitando a construção das funções maternas. São comprovados os benefícios imunológicos, nutricionais e psicológicos para ambos e, proporciona que o vínculo possa ser cuidado e estabelecido positivamente.
REFERÊNCIAS BIBIOGRÁFICAS
BOWLBY, J. Apego: a natureza do vínculo. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002. v. 1, 493 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica. Cadernos da Atenção Básica. n.23. Saúde da criança: Aleitamento materno e aleitamento complementar. 2 ed., Brasília, Ministério da Saúde, 184p. 2015
SARMENTO, R.; SETÚBAL, M. S. V. Abordagem psicológica em obstetrícia: aspectos emocionais da gravidez, parto e puerpério. Revista de Ciências Médicas, 12(3): 261-268. out/2003
VALENTE, J. Menos da metade dos bebês foram amamentados apenas com leite materno. Brasília: Agência Brasil, 2020. <https://agenciabrasil.ebc.com.br/saude/noticia/2020-08/ministerio-da-saude-lanca-campanha-de-amamentacao>. Acessados em: 21/08/2020
Winnicott D. W. (2011). A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes, 4ª ed.
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